quarta-feira, 27 de maio de 2015

"Estamos a educar adultos responsáveis ou zombies digitais?"

Sobre a temática das novas tecnologias, incluindo o tablet, que já falei num dos primeiros posts (e que quem quiser pode reler aqui http://educacaoprecisa-se13.blogspot.pt/2015/03/ora-comecemos-por-falar-sobre-um-objeto.html ) apresento um outro artigo cujo titulo é bastante sugestivo _ "Estamos a educar adultos responsáveis ou zombies digitais?", em que nos fala não só dos meninos agarrados ao tablet, para não chatearem os papás, mas também dos papás a darem o mau exemplo aos filhos, estando à mesa e cada um agarrado ao seu telemóvel, não existindo diálogo entre todos.
Este cenário casa vez é  mais frequente. Basta observarmos um pouco à nossa volta e num café ou restaurante vemos famílias inteiras sentadas à mesa, sem conversarem umas com as outras.
Considero que as novas tecnologias são importantes e é bom estarmos "atualizados informaticamente" mas fazer disso um vicio e trocar momentos em família por um tablet, telemóvel ou PC já acho demais, bem demais!!
Aqui fica o artigo:
"À mesa de um restaurante uma família. O pai tem os olhos postos na televisão, onde passa o resumo do futebol. A mãe está ao telemóvel a ver o Facebook. E as crianças no tablet, para estarem quietas. A imagem, que pode ser vista em qualquer ponto do país, foi usada por Eduardo Sá, psicólogo, para criticar o uso das tecnologias como “artefactos que se põem nas mãos das crianças para as sossegar”. 
Autor de vários livros sobre psicologia infantil, Eduardo Sá foi um dos oradores do Congresso de Educação 2014. Sob o tema “Que crianças estamos hoje a educar: adultos responsáveis ou zombies digitais?”, a Porto Editora reuniu especialistas nas áreas da pediatria, psicologia e pedagogia num debate dirigido a educadores e professores, realizado este sábado [23 de maio] no Porto. 
“Dispensar a companhia do José Rodrigues dos Santos à mesa” pode ser o primeiro passo para um retorno à conversa durante os jantares em família, salienta Eduardo Sá, lembrando que “as pessoas vão continuar a ser mais importantes que as tecnologias”. E chamando a atenção para a necessidade de dar a conhecer às crianças outras realidades que não passam pelos ecrãs.
Hugo Rodrigues, pediatra, partilhou com a assistência situações reais passadas nas suas consultas sobre crianças e jovens com problemas comportamentais causados por dependência da Internet. A necessidade crescente de “doses mais elevadas de Internet”, sentir ansiedade quando não se está online, pensar em estar desconetado por determinado período de tempo e não conseguir. São sintomas de uma importância exagerada da Internet na vida da criança ou jovem aos quais é preciso prestar atenção, estar alerta. 
Em Portugal, a dependência da Internet está num patamar onde ainda é possível atuar de forma preventiva, tranquiliza o pediatra. Países como o Japão têm problemas sérios a este nível. E, nos EUA, o fenómeno foi incluído no rol de doenças do foro psicológico que constam do Manual para Diagnosticar Doenças Mentais, que serve de guia para todos os médicos do mundo.
Em relação aos jogos online, Hugo Rodrigues deu exemplos sobre o tipo de relação que os jovens estabelecem entre eles, neste contexto virtual. “Como os jogos acontecem em tempo real, se o jogador não for naquela hora pôr os seus exércitos a treinar, está a desiludir os seus amigos que podem ser atacados e não se conseguir defender.” Por outro lado, alertou o pediatra, as redes sociais dão aos jovens a “falsa segurança” da amizade. “Já é meu amigo no Facebook há dois anos, por isso, conheço-o muito bem.”   
Ansiedade, depressão, sono, hiperatividade, défice de atenção e isolamento, são outras das consequências de quem passa horas consecutivas e até madrugadas sem dormir em frente aos ecrãs. A par, contam-se algumas doenças físicas, como a obesidade, epilepsia ou as tendinites no polegar que no Japão já merecem tratamento em clínicas da especialidade. Mas antes que os adultos comecem a tirar os portáteis, os tablets e os smartphones aos mais pequenos, Hugo Rodrigues recomenda uma espécie de “mea culpa”: “Todos usamos telemóveis, sentimo-nos despidos sem eles, mas achamos mal que os adolescentes estejam sempre conetados.”  
Magda Dias, especialista na área da parentalidade concorda que os pais são responsáveis pelo uso que as crianças e os jovens fazem da tecnologia. “Passamos os tablets para as suas mãos, para estarem sossegados, mas depois fazemos da Internet o bicho-papão.” Antes de mais, recomenda a autora do blog “Mum’s the boss”, cabe aos adultos dar o exemplo. 
Como? É preciso começar por não ver o email do trabalho durante as férias. E acabar com as entidades empregadoras a permitir às mães e aos pais uma “redução de horário e de salário dignos para que eles possam ir buscar as crianças” às creches e escolas. “As empresas têm de reduzir horários às mães, não é pô-las a não comer à hora do almoço para saírem mais cedo.” 
Renato Paiva, pedagogo, pegou no tema do congresso para frisar que não são apenas as crianças que são zombies digitais. Entre os adultos paira a ideia de que “se existe está no Google, se aconteceu está no Youtube”. Renato Paiva acredita ainda que os alunos prestam menos atenção ao que é dito na sala quando sabem que “a professora põe o PowerPoint no moodle”. Mesmo assim, “a questão não é apenas a tecnologia, mas o uso que fazemos dela”, conclui."

Artigo retirado daqui: http://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=37722&langid=1

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