Vi há dias esta reportagem na SIC http://player.sicnoticias.pt/video/sicnot/2015-04-01-Grande-Reportagem-Interactiva-Somos-o-que-comemos- a qual gostei muito e de nada me surpreendeu! Esta reportagem fez-me recordar os exemplos que já constatei, ao longo dos anos de prática, em vários contextos. Em todos esses contextos, tenho-me apercebido da alimentação nada saudável que as crianças em idade pré-escolar têm.
No contexto de estágio, tomei logo contato com esta realidade. No J.I. onde estagiei as crianças traziam lanche de casa e muitas daquelas lancheiras vinham carregadas com grandes bombas calóricas, principalmente à base de chocolates.
Durante alguns anos, trabalhei numa Instituição em que as crianças não tinham de levar lanche (felizmente para a saúde delas) mas contudo, eu percebia que a alimentação delas em casa não era a melhor; principalmente quando à hora do almoço recusavam-se a comer legumes e vegetais, tanto na sopa como em saladas. Tinha mesmo casos em que as crianças nem aceitavam ter a presença de vegetais no prato, pois automaticamente não comiam mais nada por estes estarem lá!
Depois havia os espertinhos, que muito sorrateiramente, colocavam os seus vegetais no prato do "vizinho" do lado.
Mas, o que ainda conseguia deixar-me perplexa eram aquelas criancinhas que entravam, logo pela manhã, a mascar pastilhas. Obviamente que assim que eu dava para isso, fazia-lhes o ultimato para irem deitar as pastilhas imediatamente para o balde do lixo.
Ah, e ainda tinha aqueles pais "muita fixes" que vinham buscar os filhos com um saquinho de gomas na mão, ou um chupa, ou um pacotinho de batatas fritas!
Mais tarde, já em contexto de ATL (com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos), voltei a "tomar contato com as lancheiras" carregadas com bombas calóricas, com o lanche da manhã e da tarde. Tinha crianças que não levavam uma única sandes para comer, o que fazia-me uma certa confusao. Tinha uma que só levava sandes com Tulicreme para comer, tanto de manhã como de tarde.
Depois, era vê-los a beber sumos carregados de açúcar e corantes, mais os famosos Bollycaos e batatas fritas. Era uma autêntica "desgraça alimentar"!
Poucos, muito poucos, eram os que mantinham lanches saudáveis, com iogurtes, sandes de fiambre ou queijo e frutinha!
Em contexto de Creche, os pais não "entopem" os filhos com doces e sumos, mas tenho tido casos de crianças que adoram comer. Quando vêm comida, os olhinhos até brilham e choram se não são as primeiras a serem servidas; e vejo pais que não lhes "colocam um travão", pelo que as crianças ficam no limite do percentil de peso. E os pais ainda me dizem que as crianças são pequenas, logo não vão deixar de lhes dar comida! Ora obviamente que a questão não é essa, mas sim não deixar a criança repetir o segundo prato ou a fruta (pois fruta é saudável mas contém açúcares, que em demasia, como todos sabem, também é prejudicial para a saúde).
No refeitório, eu tento que as crianças comam um pouco de tudo, mas aquelas que adoram comer (e que estão um pouco mais fortes) tento não encher-lhes os pratos, nem deixá-las repetir.
Obesidade infantil existe, e cada vez mais associada a ela muitos mais problemas de saúde vão aparecendo (diabetes, problemas cardiovasculares e não esquecendo a baixa auto-estima, fazendo com que as crianças isolem-se e não socializem, sendo alvo de chacota e bullying, por parte dos colegas, etc)
Pela prática que tenho tido, acho que há pouca consciencialização da parte dos pais, relativamente a esta temática, pelo que infelizmente quem irá sofrer mais tarde, serão as crianças!
Lê isto: https://diasdetelha.wordpress.com/2015/02/16/o-passo-em-frente-na-beira-do-abismo/
ResponderEliminarUm resumo excelente das tuas preocupações :)
Obrigada! ;) É exatamente esse o resumo!
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